“Depois de uma entrevista com um nível de skate altíssimo realizada apenas em 9 dias, Carlos Ribeiro ainda nos presenteia com algumas histórias sobre a viagem. Uma das melhores viagens que já realizei para fotografar skate, se não for a melhor. E com a companhia de uma grande pessoa que é o Carlos. Israel sem dúvida tem muitos lugares para andar de skate, uma cultura avançada em diversos sentidos... Sem mais delongas, aprecie um pouco das histórias que vivemos por lá. Valeu Carlos Ribeiro, Frederico Naroga, Mohammed “Mo” Kahil, Ofer, Elja, Jimmy, Sally e toda equipe CemporcentoSKATE que estava aqui dando a maior força." - Renato Custódio
Lado B da entrevista de Carlos Ribeiro em Israel
Depois que voltou de Israel, o que seus amigos e parentes mais perguntavam para você sobre a viagem?
O que eles mais perguntavam era se eu tinha visitado o túmulo de Jesus, se eu tinha conhecido o Muro das Lamentações, e se não tinha nenhum "homem-bomba" por lá! (risos)
Quais foram os 3 dias mais marcantes da viagem e por quê?
Pra mim os três dias mais marcantes foram: o primeiro, porque nós ainda não tinhamos entrado em contato com ninguém de Israel, e saímos pra procurar uns picos ali por perto. Eu estava um pouco nervoso pensando que não teria tantos picos assim, quando de repente encontramos a borda em curva no estacionamento de um hotel a beira mar e acabamos fazendo a primeira foto da trip: o noseslide reverse. E voltamos para o hotel felizes da vida. Quando entrei na internet o "Mo" já veio falar comigo e logo colou no hotel. Nos mostrou mais uns três picos, e a gente ainda fez mais uma foto. Teve também o dia do backside tailslide (da capa da CemporcentoSKATE) em Ashod. Foi bem marcante também. Caí vários tombos sinistros no switch flip tail de back shovit out, e depois de me irritar muito o "Mo" ainda mostra aquele penhasco de borda pra eu dar um tail de back , e pensei: "Mano eu vou dar o meu melhor aqui". Ai já comecei a pensar que seria a capa, e depois de muitas amareladas consegui jogar o primeiro e logo em seguida acertei o tail de back, depois ainda tive que acertar mais uma vez para você (Renato Custódio) filmar. Eu estava bem nervoso, mas consegui fazer de novo graças a DEUS, por isso o grito depois do acerto: "SHIT IS TIGHT MOTHAFUCKA!" (risos). E finalmente, o dia do nollie shovit na Torre de Davi em Jerusalém, aquele lugar é mágico, e tem uma espiritualidade forte, fez com que eu ficasse muito tranquilo, com certeza nunca vou me esquecer desses dias na minha vida.
Carlos Ribeiro, ss flip em Jerusalém, Israel
O que foi inesquecível na viagem?
A forma com que todos nos trataram, sem preconceito de nada, como se fôssemos filhos dos mesmos pais. Parecia que já nos conheciam a muito tempo. Vi sair lágrima do olho do "Mo" quando fomos embora. Isso pra mim é skate puro! Une palestinos com judeus, preconceitos que nenhuma religião consegue quebrar, só a religião SKATE!!
IDA: Conta um pouco sobre nosso check-in de Barcelona para Tel-Aviv. Não economize a memória.
Nossa, o dia do check in foi bem tenso, chegamos em frente ao guichê, e já estava cercado com vários policiais. Paramos em frente e já vieram dois policiais. Um começou a me interrogar e outro a interrogar você. Eu toda hora olhava pra você pra ver o que tava acontecendo e via você tirando as câmeras e a revista e explicando e tal. Foram mais de uma hora de entrevista até eles pedirem os nomes quem a gente conhecia em Israel , e os telefones. Eu não tinha nenhum telefone anotado, mas tinha mandado uma mensagem pra Sally pelo Facebook, avisando que a gente tava indo e pedindo o telefone dela. Falei isso pro policial, e ele me emprestou o Iphone dele pra eu entrar no Facebook, e pegar o telefone da Sally, eles ligaram pra ela, e depois ligaram para o Homero, até que conseguimos passar depois de muita tensão .
VOLTA: E o frio na barriga, quando o policial do aeroporto pegou meu lenço árabe na mala?
A mãe do "Mo" já tinha avisado você pra guardar bem escondido na mala, que aquele lenço era de origem árabe e era muito mal visto pelos judeus, mas como nós fomos a uma festa de halloween antes de pegar o vôo de volta pra Barcelona. Acabamos tomando umas cervejas e você tava meio bêbado... O cara pegou o lenço da sua mala e falou: “Onde você conseguiu isso?” Na hora eu gelei. Pensei: “Fudeu! Vamos ser presos aqui agora”. Ai você disse: “Comprei ali em downtown”. O cara guardou de volta pro nosso alivio, mas em seguida ele já falou: “Você está bebado?” E tu respondeu: “Eu? Não!” (risos). E o cara falou: “Se você estiver bêbado não vai poder entrar no vôo”. Nossa, foi tenso. Tiraram todas as nossas coisas das malas. Demoramos muito tempo até entrar no avião. Ai, lembro que chegamos em Barcelona, e fomos direto pra sessão sem dormir, e ainda acabou rendendo aquele nollie heel por cima da borda que saiu na matéria do Troféu CemporcentoSKATE na edição 24) (risos).
Texto por Marcos Hirosh
Fotos por Renato Custódio
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